mas só se Deus se zangar
palavras de assalto
domingo, fevereiro 28, 2010
ODEIO CIGARROS
mas só se Deus se zangar
quinta-feira, janeiro 21, 2010
Pensamento de partida
segunda-feira, janeiro 18, 2010
VÁRIAS VEZES EU
Meio do meio do mundo,
do Atlântico incerto,
esperada igual banquete...
terça-feira, janeiro 12, 2010
PARA CASAR CONTIGO
sábado, janeiro 02, 2010
questão de aptidão (um novo samba para saudar 2010)
segunda-feira, dezembro 21, 2009
SEM CHÃO
sexta-feira, dezembro 18, 2009
E NÃO SE PERDERÁ JAMAIS...
domingo, dezembro 13, 2009
Desaparta!!!!
sexta-feira, dezembro 11, 2009
Poema apenas pra você
num piscar dos anjos,
ANTIRITMO
domingo, novembro 02, 2008
sobre meu nome
domingo, novembro 25, 2007
HOMEM SEM FIM
eu,
homem comum,
vertebrado, sentimental,
infernizado,
homem algum,
coisas sim,
coisas não,
tudo hospedado,
num único coração,
todo remendado mas fingindo de inteiro,
primeiro atingido,
último derrotado,
coração de braços fortes e mil razões,
capitão do pelotão,
soldado, e general,
até o fim, exército completo,
vencedor nato,
coração pronto,
pra lutar, sempre por si,
e até por quem
nunca lhe deu devido valor,
dias de breu, pra ter a paz
de pertencer a um rapaz, feito eu,
homem normal,
uma árvore um livro,
quem sabe um filho,
deixar um sinal,
de que esteve nesse barco e já passou
mas foi um homem sem fim,
porque sofreu, mas amou,
e já que amou conseguiu
deixar um pouco mais humano
o mundo tosco que viu...
Eduardo Alves
segunda-feira, outubro 29, 2007
Te dou minha palavra
lembro de você imóvel de cílios apontados pro céu,
brincando de dizer coisas que me assombravam o coração.
lembro de você insubstituível.
a vida moldada em torno dos seus cabelos e seu abraço.
lembro de coisas indizíveis.
ninguém acreditaria se eu disser o que fazia a gente dar tanta risada,
jeito tolo de dizer coisa importante,
sem a menor importância.
lembro da casa que era sua e agora não sei a quem pertence,
mas que dentro de mim virou a casa eterna do meu amor pra sempre.
claro que nada nela deve ter mais sua cor,
então tingi a memória com o cheiro do que me lembro...
lembro que eu te vi chegar de camisa verde, a última pessoa a descer do carro, pensei que nem vinha,
você nem sabia que eu via, estava lá de cima, da casa do amigo hoje morto,
mas te vi saltar do automóvel por último, e pensei,
meu amor tarda mas não esqueço...
lembro até
de coisas que nem quero
canções que já nem ouço,
pessoas que nem vejo,
porque isso tudo me traria o gosto do que não tive
em ti, tantas coisas faltaram ser minhas,
seu coração, fragmentos apenas,
nem sei se foi suficiente para outra felicidade,
e a que sinto nem sei se é feliz,
mas sei que lembro com todo cuidado,
de tudo, amargo ou florado.
e te dou minha palavra que está tudo a salvo.
Eduardo Alves
sábado, outubro 27, 2007
RIO VERMELHO BLUES
sentimental feito o cão,
saio de noite, objetivos confessos:
um só olhar desejoso, e farei mil progressos...
alguém me convida num bar: cante um trecho da canção
que fala de Baudelaire
“ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama
de Baudelaire...”
sentimental feito o diabo,
volto pra casa, adjetivos pregressos:
nenhum olhar desejoso, e bebi mil dejetos...
alguém me diz na TV: cante um trecho da canção
sobre os poetas de araque:
“ninguém me ama, nem aqui nem no Iraque,
ninguém me chama de Chico Buarque... “
comecei a duvidar,
sobre o que vim fazer aqui,
se é pra me acabar de rir de mim,
ou me encontrar, pra esquecer de fugir;
eu sempre sou otário e bobo da corte,
eu sempre deponho a favor do azar,
mas eu amo, e isso não é morte,
eu canto é pra me eternizar!
Eduardo Alves
terça-feira, julho 31, 2007
MIRA
Mapeie
As dores escondidas
Recônditas
Inéditas
E as esqueça.
Quem quiser me matar
Pense a lástima
Derramada e segura
Torpe, vil, matadora
A que devora e não se esconde mais.
Coração,
Não atire.
Cabeça,
Não.
Órgãos vitais,
Nem pense,
Não vale, não causa, não adianta...
Mire a voz,
Essa sim,
Qualquer calibre que use,
Podendo calar, mire
Podendo evitar, atire,
Quem quiser me matar me erre,
Só me cale, me cale, me cale...
Eduardo Alves – 24/5/07
Matreiro
do meu embaraço saio eu,
carrego meu santo com a força do braço,
desapego do frio, encaixoto o cansaço
pra limpar meu filme, faço escarcéu...
meu objetivo não é ir pro céu,
nem fazer meu nome parecer dinheiro,
é poder ser claro, saber ser inteiro
em tudo o que eu faço, tudo o que acredito,
nunca me isento nem nunca repito
no coro contente a consideração
de que sendo mais um, eu livro a minha cara
e faço parte de quem só reparte a mesma ilusão...
piso em falso,
às vezes murcho,
desequilibro,
nunca digo onde dói e sigo bonito, mais limpo,
no meu assobio vive um passarinho
e sua asa é a senha que o meu poema pediu pra nascer...
esse é meu jeito de não desaparecer
no meio do anonimato, cansado da vida que se leva em vão,
o samba me talha matreiro,
o samba me elege sensato,
o samba , de fato, é o hino da minha nação...
Eduardo Alves
quarta-feira, junho 20, 2007
De vez
o meu, permanece pulado, por você
ainda grudado no alto, do mesmo jeito
no pulo que deu
durante o primeiro olhar dentro do seu,
Meu deus, que frio que me deu,
calor que aconteceu, depois,
nada que se tenha medo,
nada que se precise desvendar,
segredo pregado no ar, nosso brinquedo
nós dois, doidos pra brincar...
seu coração tem batido por alguém?
o meu, permanece batido, por você,
não tava no seguro, deu perda total
do juízo, do pouco que havia
virou pó a razão, virou poesia
lugar de confessar os calafrios todos
delírios raros que acontecem fácil
em nossos preciosos jogos de contato...
mas e você, sem fim,
já é de alguém?
você sem falta, com certeza,
já se deu?
alguém te recebeu de presente
te percebeu diferente
na multidão te quis,
e teve?
Ou você guarda alguma coisa só pra si,
pra quem te amar à vera, descobrir
me diz,
o que é que eu faço por você, que ninguém fez,
pra te roubar pra mim,
de vez?
domingo, junho 17, 2007
Coração estranho a mim mesmo
Há invasores por perto,
e tudo o que está suscetível
a derramar com urgência algo lúdico,
alardeia a vocação
tão nobre, de ser alvo,
a ponto de salvar
fracas correntezas,
de não conseguirem esculpir, o náufrago,
tão necessário.
Durante a invenção de tudo,
pensou-se o coração,
entre o lapso, tentação primeira,
o coração foi mapeado,
perdeu-se o mapa e ficou
a sensação
do incômodo eterno
de poder perder-lhe
a qualquer hora
na mesa de jogo,
no cais,
nas alturas.
Enquanto nada agüentasse
os fatídicos expedientes
de entra-e-sai de oceanos
e enfartos fulminantes,
ficou o coração
no cargo
de vermelho
e vivo
e bombástico
e esquerdo
e primeiro a parar
e levar consigo
tudo
o que vivo ficasse depois que não agüentasse o mundo mais lhe infernizando, dentro
o meu, este meu, coração extraviado
nos navios que iriam partir pro além mundo,
este romântico mártir da América ultimada,
malasartes,
somítico,
inadequado,
insurgido,
contrabandeado coração não sei/não saberei/nem quero
estrangeiro de mim, em mim mesmo,
eternamente até seu/meu fim...
Eduardo Alves, junho/07
quarta-feira, maio 30, 2007
POESIA DE VOCÊ
Em sua carne doce, sua alma mansa;
A poesia cabe em você, ela se anima
De suas cores-flores, pérolas de rima...
Ela não sai dos invólucros do medo
Sem tua palavra dita rara primavera
Em sua boca ela é filme sem segredo
E se desnuda toda em sua pele-tela...
A poesia veste as suas fantasias
Já te queria musa antes que eu pudesse ver
O que os amores me dariam de você,
A poesia chegou antes e esculpiu
Todos os traços que não devem perceber
Olhos comuns de quem jamais te sentiu...
EDUARDO ALVES – MAIO 2007
quinta-feira, maio 24, 2007
Cafonice
rasguei
mil cartas que dariam
boleros de sucesso, ah, rasguei
queimei vinis 78 rotações,
talvez assim exorcisasse canções
que poderiam vir de mim mesmo,
contaminadas de romantismos vis,
de tantos compositores febris,
que eu jamais quis ser,
que eu lutei pra jamais ser...
cuidei,
de corações perdidos,
escrevendo mil pragas e revés,
pra quem do amor se utilizasse ao fazer sofrer
pagasse o preço do insucesso e pudesse querer
tentar outros refrões sem ilusão,
livres de romantismos vis
de tantos compositores cruéis,
que eu jamais quis ser,
que eu lutei pra jamais ser...
cafonice demais,
sandice demais,
falar de amor e de dor,
misturar fel e sabor,
Deus me livrou desse patético expediente...
se eu fosse um cafona dessa estirpe, assim,
cantaria boleros rasgados,
e diria mesmo sobre mim,
o que atribuo aos outros, coitados...
Eduardo Alves
maio, 07
quarta-feira, maio 23, 2007
Tantos Amores ( porque prima Joana me "acusou" de romântico)
não é de vez em quando só, relance,
nem de surpresa,
sem chance de ser só um pouco,
muitas vezes vem, assim, o transe
algo revolto,
quase de cinema a tela inteira,
quase de oceano, além, pra lá da beira,
é sério,
toda a razão de ter tanto mistério
é porque está o tempo todo, aquilo
incomodando de prazer e vício
a calma de artifício,
o equilíbrio morto,
o tempo está propício o tempo todo...
é isso,
o nome que se dá a tudo
que precipite a vontade de ser
TÃO INSANO QUANTO
não se julgava poder,
anti-projeto de medo, amor,
estímulo de desgoverno, amor,
perda de cada sentido, amor,
mais que o sentido inteiro, em si;
pra se afogar de verdade, amor
dentro de cada loucura,
tantos amores se façam, por nós,
luzes da nossa procura...
Eduardo Alves - mai/07
terça-feira, maio 22, 2007
Soneto controverso
que não combine
com essa boca
que tanto amo.
Diga-me adeus
pois é isso
que mais temo
e não decifro
assim
vou viver livre
de tais mistérios
e não dirás
nada que nunca
me tenha ferido
eduardo Alves, maio/07
sábado, maio 19, 2007
ENCERRADO
quarto trancado por dentro...
no caos do contato, pás de cimento,
no cais de partida ventos pro barco...
To indo e me solta, me sinta escorrendo,
o amor é laico, o gôzo é sedento,
todos os defeitos cabem no meu peito,
quero abri-lo ao vento, me sentir alado...
e antes que eu diga
seu nome em vão, para qualquer praga,
e tema o revés, adeus, adeus, até jamais
um samba, pode resolver a questão
basta cantar em alto e bom refrão,
você mais não, ou não, você não mais...
EDUARDO ALVES, MAIO/07
TODOS OS PERIGOS
Colocar os pingos nos “is”,
E encontrar maneiras sutis,
De espalhar misérias e fel,
Tudo mergulhado no mel,
Pragas e feridas sortidas,
Tatuadas nas peles febris...
Suba,
Na altura máxima do mal,
Todos os requintes mais vis,
Seremos cobaias fiéis,
Nada é tão prazer que a teus pés,
Sentencie escândalos pra nós,
E nos deixe sem sangue e sem voz...
Estacione seu corpo na minha vontade,
Todo o bem, todo o mal da verdade
Eu quero assim, seus anjos e diabos
Hospedados em mim...
Vez eu quando eu procuro outro vício,
E te deixo no ar,
Pra enfeitiçar outro tonto,
E só reinar, e reinar, e reinar...
quiero la noche entera,
E que la noche sea eterna contigo,
Con quen aprendi de los peligros...
Eduardo Alves
Jan.07
sexta-feira, maio 11, 2007
Rotu/lado
Não,
Não faço tão mal quanto diz na bula,
Essas substâncias...
Posso ser diluído durante um eclipse,
A lua subtendida...
Não pareço tão ofensivo assim, entre seus dedos,
Seus dentes me calam,
Reflita sobre mim
Pelo ângulo maduro:
Tudo inacabado, algo de inseguro...
Não,
Não sou imune a boleros castelhanos,
Nem rocks sessentistas,
Tantas vezes me derramo e deixo pistas
Daquilo que me concentra,
Inteiro em todos os pedaços quando me arrebenta
A alma intolerante,
Não nasci pra ser julgado pelo instante,
Há dúvidas de sobra,
Prefiro o meu errante conjunto da obra...
Também, não,
Não cabe produto em minha dor,
A poesia vaza,
A canção delimita a ânsia da agonia
Quando me alivia,
Não sei ser out-door de promoção
O sentimento é raro,
Tudo em mim, da dor, é diamante caro,
Nem dinheiro vasto compra meu segredo,
Anti-rotulado coração sem medo...
Eduardo Alves